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Em que momento você passou a abrir mão da sua sensualidade e beleza?


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Hoje quero te fazer refletir em que momento você passou a deixar de lado a sensualidade e beleza?


Lembro de na minha adolescência me achar muito bonita, sexy, gostosa. Me achava realmente maravilhosa, ainda que muitas vezes ouvisse piadas sobre meu rosto e corpo dos meus próprios familiares. Talvez fosse fácil pra mim me sentir assim, pois eu era muito validada dessa forma no colégio.

Os meninos da minha escola sempre queriam ficar comigo, as meninas queriam “ter o meu corpo” e poder vestir tudo que eu vestia. Lembro de chegar nos aniversários de 15 anos com uma micro saia e um croped e ser rodeada de meninas que achavam aquilo lindo e se sentiam péssimas por não serem iguais. Por outro lado, eu chamava mais atenção, era vista como um corpo e sempre precisava lidar com a forma machista que alguns guris me tratavam. Confesso que nessa época isso não me abalava muito pois eu tinha muito mais amigos homens do que mulheres e de certa forma, levava as falações na brincadeira.

Cresci um pouco, porém não mudei meu jeito, nem minha forma de me vestir. Passei a ouvir dos homens que eu era sexy, charmosa, gostosa ao mesmo tempo que percebi que a forma como eu me vestia mudava a forma como alguns homens me tratavam. Ainda sim não sentia vontade de mudar nada, nem a forma de agir, nem de me vestir. Sabia que nessa época muitos e muitas já falavam muito mal de mim, a pirigueti, a puta, a vulgar etc. E era criticada dentro da minha família também por agir como eu agia na minha vida afetiva. Porém, ainda que essas falas (eu vivia na boca do povo kkk ) e julgamentos me deixassem muito chateada, fossem a razão do meu choro infinitas vezes e me fizessem acreditar que havia algo errado comigo eu não sentia necessidade de mudar meu jeito.

Comecei então um relacionamento sério e na terceira semana de namoro ouvi “todos os meus amigos falavam que tu é puta então tens que agradecer por eu estar contigo”. Aí nesse dia e nesse momento eu realmente senti necessidade de mudar quem eu era. Embora eu não acreditasse que existiam motivos para ser julgada eu me sentia como se tivesse.

Nesse momento deixei de lado minha sensualidade, mudei minha forma de me vestir, passei a me sentir feia, com corpo horrível, embora nada tivesse mudado fisicamente.

Sempre me expus sem medo e vergonha. Assumia minhas escolhas. Nunca fui o tipo de mulher que ficava com as pessoas escondido, que fazia tudo “na moita” para não falarem de mim ou que me fingia de santa. Muitas pessoas diziam que eu era burra por isso. Eu preferia e prefiro acreditar que era verdadeira comigo e com minhas vontades. Minhas escolhas nos relacionamentos eram sempre de ficar com caras que eram amigos, muitas vezes pegava 2,3 “da mesma turma” e isso me fazia puta. Meio louco, não? Agir exatamente como eles agiam comigo e com minhas amigas, me fazia puta e fazia deles FODAS.

Depois de alguns anos dentro desse relacionamento, me sentindo a mulher mais feia, as situações mudaram e a espiritualidade entrou na minha vida. Você pensa que foi nesse momento que tudo mudou e me tornei a mulher que se ama que sou hoje? Pois é, mas não foi.

Dentro da espiritualidade me vi muitas vezes negando minha sensualidade, meu poder sexual, minha essência. Muitas vezes, olhando para "os espiritualizados" a minha volta e para tudo que era pregado sobre não dar valor a beleza, não dar valor a estética, não dar valor a sensualidade. O que eu ouvia nesse círculo de pessoas era que isso era coisa do Ego.

Muitas vezes chegou aos meus ouvidos falas dos que pregam a espiritualidade mas julgavam minhas roupas com decote, julgavam minhas saias curtas, julgavam minha forma empoderada de me expressar. “É ego, ela é cheia de ego”. Mais uma vez eu me vi precisando me diminuir, diminuir QUALIDADES que nasceram comigo e talvez eu até carregue elas de vidas passadas. Só que eu persisti, continuei buscando SER ao invés de parecer. Buscando me encontrar, encontrar verdade em ser como sou. Procurando gostar de SER como eu sou. E hoje nada tira a minha a verdade. E sei que posso sim ser BELA, DEUSA, GOSTOSA, EMPODERADA, SEXY e ainda sim ser ESPIRITUALIZADA e ser VALORIZADA como MULHER.



 
 
 

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